As nossas palavras devem ser medidas para que não causemos novas feridas nas pessoas nem aumentemos as que já existem. Não é bom falar sem pensar com as pessoas que tem um temperamento colérico, pois pode ocorrer que suas palavras sejam mal interpretadas e uma contenda se inicie. É bom ter sempre prudência no diálogo com uma pessoa difícil, pois por mais que ela esteja calma no momento da conversa pode ocorrer que guarde aquela palavra que você disse de forma apressada e utilize-a em outra oportunidade para te ferir. Santa Faustina tem um testemunho interessante para nos ensinar:
“Em determinado momento, recebi uma iluminação a respeito de duas Irmãs. Compreendi que não se pode proceder da mesma forma com todos. Existem pessoas que têm a estranha capacidade de cativar a nossa amizade e, depois, a pretexto de nos ajudar como amigas, extraem de nós uma palavra depois da outra, e, logo na primeira oportunidade, usam essas mesmas palavras para nos trazer dissabores. Meu Jesus, como é estranha a fraqueza humana. Só o Vosso amor, Jesus, é que dá à alma essa grande prudência no trato com os outros.”
A verdadeira prudência nos ensina a termos sabedoria no convívio com os familiares para que conhecendo as fraquezas de cada um possamos falar a palavra certa e curar as feridas em vez de aumentá-las. Alguns estão cheios de feridas e precisam de palavras mais amenas, pois não conseguem ouvir muitas verdades sem se exaltarem ou testemunharem uma autocomplacência. Quanto mais alguém está ferido maior deverá ser a delicadeza da conversa. Um vaso de porcelana quebra-se com facilidade. Da mesma forma, quem está ferido ressente-se facilmente. Por isso, a moderação no diálogo é essencial para que a conversa com pessoas feridas seja repleta de paz. Quando formos conversar com alguém que tem alguma dificuldade com as nossas palavras é bom usar de ponderação e evitar falar o que pode ferir a pessoa. Quanto mais difícil for a pessoa mais ela guardará mágoa, pois o perdão é a virtude das pessoas fáceis de conviver. A palavra de Deus é bem clara: “Rancor e cólera são coisas abomináveis, mas o pecador as conserva. (Eclo 27,30)”
Precisamos ter sabedoria para reconhecer quando estamos em situação de conforto ou numa situação de risco na convivência. Se escolhermos tratar todas as pessoas da mesma maneira sem buscar medir as nossas palavras estaremos agindo com imprudência. A palavra de Deus é bem clara:
“Pese na balança as palavras que você diz, e feche a boca com porta de ferrolho. (Eclo 28,25)”
Se um jovem sentinela dormir no seu posto de vigia acabará permitindo que os ladrões assaltem e roubem todos os bens do lugar. Da mesma forma, se não vigiarmos com prudência as nossas palavras poderá acontecer que uma pessoa difícil as utilize de forma errada e roube de nós a alegria. A palavra de Deus é bem clara:
“Cuidado para não tropeçar com a língua, para não cair diante de quem espreita você.” (Eclo 28,26)
Lembre-se que: “O homem pecador provoca discórdia entre os amigos e desavença entre os que vivem em paz.(Eclo 28,9)”. Por isso, é importante que: “Fique longe das discussões, e você evitará o pecado, porque o homem raivoso atiça a briga. (Eclo 28,8) É importante silenciar quando perceber que uma simples palavra pode gerar um mal entendido.
Grande parte das discussões surgem da teimosia. A palavra de Deus é bem clara: “Quanto mais lenha, tanto mais arde o fogo, e quanto mais teimosia, tanto mais aumenta a briga.” (Eclo 28,10a) O resultado de uma discussão é sempre um rosto abatido, triste e o coração ferido. Não vale a pena insistir numa conversa quando a pessoa que nos ouve não está aberta ao diálogo e à verdade.
Fale superficialmente com pessoas difíceis e busque a melhor maneira de finalizar a conversa. É bom manter um rosto amável e manso diante de uma dificuldade na convivência para que a nossa expressão facial não gere novas contendas. Nunca tenha um comportamento irritado enquanto conversa, pois pode ocorrer que a simples irritação se transforme numa discórdia e esta ao ser aprofundada passe a ser uma briga. A palavra de Deus é bem clara: “Meça o tempo quando estiver entre os insensatos, mas demore-se quando estiver entre os sábios. (Eclo 27,12)” O motivo de agir assim é que: “os insultos que eles fazem machucam os ouvidos.” (Eclo 27,15b) Tenha prudência com as pessoas difíceis mesmo que elas te tratem com serenidade, pois a aparente mansidão pode esconder o gosto pela contenda e ao menor deslize poderá se desencadear outra discussão. Ou ainda, pode ocorrer de alguém utilizar de palavras dóceis na conversa com o intuito de conseguir uma informação para ser usada contra você. A palavra de Deus é bem clara: “na frente de você, ele fala com delicadeza e elogia o que você diz, mas, por detrás ele fala diferente, e arma ciladas com as mesmas palavras que você disse.” (Eclo 27,23)
Quando estiver no meio de pessoas soberbas é bom ter maior prudência no falar para que não venha a ser insultado ou humilhado. A humildade sempre vence na conversa com pessoas difíceis! A palavra de Deus é bem clara:
“Fale, jovem, se for necessário, mas apenas umas duas vezes, quando interrogado. Resuma o que tem a dizer, e diga muito em poucas palavras. Seja como alguém que sabe, mas se cala. Não procure impor-se no meio dos grandes, nem fique tagarelando enquanto outro fala. (Eclo 32, 7-9)”
Precisamos reconhecer com humildade a quem podemos ensinar com as palavras(e um bom testemunho de vida) e a quem devemos exortar apenas com o exemplo. A palavra de Deus nos ensina: “o homem pecador não aceita a correção, e encontra sempre justificativa para seguir os próprios caprichos. (Eclo 32, 17)”
Com as pessoas fáceis de conviver aproveite para aprofundar a conversa. A palavra de Deus nos ensina:
“Alegria do coração é vida para o homem, e a satisfação lhe prolonga a vida. Anime-se, console o coração e afaste a melancolia para longe. Pois a melancolia já arruinou muita gente, e não serve para nada. (Eclo 30,22-23)